Comentário sobre um blog cujos autores ora espantam, ora impressionam, mas sempre, no fim, espantam a este pobre autor aqui: http://www.economistax.com/economia-em-peppa/
Deve ser difícil com o Goldfajn puxando de um lado e o Eduardo Cunha puxando do outro ter que segurar a onda do pixuleco.
Quando a gente não pode mais bater no peito e dizer "vamo falá martingal... Timão eo timão eo" porque afinal está 5 a 0 e o primeiro tempo acabou de terminar. É nessa hora que a gente faz o que o Summers falou que quem fazia era o Krugman. Mas gente, Krugman, para tantos uma espécie de Lebron James do mal da economia, ser como o Krugman é como assim sonhar.
O Summers dizia que o Krugman é muito bom de ficar na arquibancada dizendo que o juiz é ladrão, que o esquema tático é ultrapassado e que murcharam a bola, mas não desce nunca nas quatro linhas para ir bater uma bolinha ele mesmo (não foi bem assim que ele disse, mas foi nesse nível de abstração e com a eloquência que lhe é particular).
Ex-economistas importantes, tornados depois investidores, palestrantes etc têm o costume de aos meus olhos ao menos tornarem-se, com o tempo, ridículos. Na realidade, pensando bem sou eu que sou ridículo de olhar o Instagram do Gustavo Franco a andar pelo mundo com aquele bonequinho inflável, ridículo, a reiterar a dimensão do seu legado à posteridade.
Murcho o pixuleco, atingidos os objetivos políticos, a perspectiva daquela caranga a preços internacionais ora tão distante quanto no tempo em que as costeletas de Fittipaldi eram "cool", não há o que fazer senão Krugmanizarmo-nos todos porque o déficit é antes de tudo de credibilidade, a perpetuar a eterna dança do arrocha nas praias de mais de quinhentos verões.
Sobre Peppa, sendo um desenho animado inglês, levando-se em conta que o estudante britânico médio é sujeito a uma carga de doutrinação no economicismo psedudonewtoniano do séc XIX em uma medida semelhante ao que Diogo Mainardi recebeu em sua curta passagem pela LSE, substituindo-se, sem perda de generalidade, a influência de Ivan Lessa por doses cavalares de Scotch e do que por lá chamam de "beer", Peppa enfim estava fadada a contribuir na sustentação da farsa que torna toda mensagem subjacente pretensamente adulta traficada em uma prosopopeia de personagens improváveis (de que os porcos falantes são exemplos acabados) uma mistura, em medidas iguais, de "A revolução dos bichos" e "Road to Serfdom".
Tudo isso então para dizer que o artigo poderia ser tanto sobre "V de Vingança" como sobre "Peppa a Porquinha".
terça-feira, 21 de junho de 2016
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