terça-feira, 3 de abril de 2007

Atropelado pela realidade .... ou "CTC: uma novela. Capítulo I, parte 1"

Estava escrevendo uma mini-novela para publicar no blog, mas faltou-me tempo. Publico isto aqui, incompleto e mal-ajambrado como está, como testemunho do clima de aproveitamento barato da tragédia da Gol que parecia tomar a imprensa e este ou aquele blog.

Este acidente tornou a continuidade do projeto tristemente desnecessária.


CTC é o acrônimo para o Comando do Terceiro Colhão das forças armadas do Brasil. Esta é uma organização militar e civil de "indivíduos que respeitam a liberdade individual, a livre iniciativa e o livre mercado, bem como a boa ordem, as pessoas de bem, a decência, Deus, a família e a propriedade", que não possui vínculo algum com o Estado Maior das Forças Armadas. Diz-se até que nada que se assemelhe com Estado lhes apeteça tanto, dada a profundidade de seu compromisso com o ideário liberal e libertário.

O capítulo I não trata da primeira atuação do grupo ou de sua formação - esta perde-se nos confins da história - mas da primeira aventura do CTC que se tem notícia na história recente, aventura esta fundamental na formação do caráter atual do grupo.

O leitor há de notar que a ação de "CTC..." se passa ligeiramente adiante na história, a se confiar na data de postagens deste blog, no qual pretendo relatar as diversas aventuras do grupo enquanto se desenrolam.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo. Os nomes foram alterados para a proteção de eventuais inocentes.

CTC
uma novela

Capítulo I
Tempestade de alumínio

Já eram 10 horas da noite e a fila de embarque parecia imóvel. Daquele grupo de 5 pessoas, os dois mais velhos entreolhavam-se apreensivos, incertos sobre o sucesso da missão a eles confiada, incertos se os outros 3, ao saberem do teor das ordens dadas, iriam dar cabo daquele "fardo acerbo", que assim lhes foi descrito pelo comandante Neves de Alencastro. Fardo, com efeito, acerbo, o próprio Neves de Alencastro repetiu. Acerbo, de fato, tamanho fardo, em uma variação elegante continuou Neves de Alencastro, antes mesmo que os dois tivessem a chance de concordar.

Sem mais palavra, Neves de Alencastro emendou, que vocês saiam e encontrem-se com os outros três "operativos" que tomarão parte desta missão.

- Fardo acerbo. Disse Ronaldo à saída da sala.

- Sim, deveras. Confirmou Duda, enquanto trocavam olhares firmes, os rostos voltados para o chão, encarando-se apenas com os olhos.

Os outros três operativos aguardavam, sem saber, a saída de Ronaldo e Duda da sala do comandante. Haviam sido apenas informados que agentes, o nome dado aos operativos "sênior", lhes iriam auxiliar em sua primeira aventura pelo CTC.

- Muito boa tarde, meninos. Eu sou o agente Duda Armingal e este é o agente Ronaldo Kannemann. Vocês nos irão acompanhar em nossa próxima missão.

- Beleza, caralho, já tava na hora, porra! Pra onde é que a gente vai!? Exaltado perguntou Marquinhos Eleno, um dos "meninos".

- Se o Sr. deseja que seus préstimos sejam um dia apreciados pelo alto comando do CTC, sugiro-lhe que reveja seu vocabulário. Consta no código de conduta do Comando que a comunicação há de dar-se pelo português mais castiço que estiver à mão. Termos de baixo calão reservam-se apenas ao acrônimo de nossa organização e a comunicações em código.

- Minhas mais sinceras desculpas. Por favor compreenda que foi coisa do momento e da qual muito me arrependo. Estarei futuramente prestando mais atenção.

- Operativo, qual o seu nome?

- Hein?

- Operativo: nome, número de inscrição e data de incorporação já!

- Meu nome é Marcos Eleno - deixa eu ver no papel aqui - meu número de inscrição é 108072360-3, e minha data de incorporação é 14 de abril de 2(...).

- Kannemann, por favor.

- Marcos, pode repetir, por favor? Ronaldo se dirigia a Marcos com alguma timidez.

- Marcos Eleno, número CTC 108072360-3, data de incorporação 14 de abril de 2(...).

Ronaldo Kannemann anotou os dados e o que parecia ser um relatório em seu PDA. Falava então com mais desenvoltura, sem olhar para Eleno, mudando de expressão facial e entonação como se discursasse para a tela reflexiva do computador de bolso, sobre a qual escrevia com uma caneta de plástico.

- Entenda que o código de conduta do CTC é a nossa tábua de salvação moral. Ele é propositadamente extenso e detalhista, pois nele estão descritos procedimentos que salvaguardam a garantia de nossos checks and balances no trato com membros, oponentes e civis, além de conter a plataforma pela qual

incompleto, agora sem razão de existir.