sexta-feira, 17 de março de 2006

Checks and balances

Ah... o perfeito funcionamento da sociedade liberal as instituições que a garantem!

"(...) todos os seus arquivos gravados no disco virtual, no blog, ou no álbum de fotos da AOL serão apagados.
A sua data de faturamento na AOL será mantida (...)"

Ver http://www.aol.com.br/ até 17/03/2006.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Carta aberta a Fernando Gabeira, morador de Ipanema

Ipanema, Mangueira, Cantagalo, Meriti.

Gabeira a tua cara, tuas melenas prateadas pertencem a Ipanema, mas o que te impede de olhar para o morro admirado?

Gabeira, se Ipanema é tua cara e tu é bonito, teu morro ali do lado é bonito também, e a cara mais sofredora que eu já vi foi a do Jorge Bornhausen, olhos escurecidos, mal-humorado. No que me consta, o cara é bom de grana.

Assim, sempre a cara em Ipanema e sempre os fundilhos em Queimados tão perfeitamente se moldariam ao teu artigo-post, se a pobreza da metáfora dos fundilhos queimados não constituísse derrogatória derisão.

Todo mundo olha o morro e vê o que, o que? Fundilhos, o puíto do mundo.

Criaram até um nome bonito, favelização (aí pode perguntar onde está a condominização como contraponto?). Querem acabar com a Mangueira e levar todo mundo pra Queimados, porque pobre no centro só presta preso ou limpando privada.

Estamos a ser presos ao radicalismos. Não, a concordância é esta mesma. O problema é a palavra radicalismos. Serve como fulanização (ih...) generalizada de tudo aquilo que antes era contra o general e agora só não é de bom gosto nos salões dos banqueiros e nas ante-salas vips dos showzinhos pop patrocinados por empresas de, o que mais, crédito.

Logo logo teremos o favelizações e a sua reação, próximo passo de periferização (argh) da vida urbana e condominização (eca!) da vida ... hm ... da vida gente bem.

E tu não acredita? Se não acredita, taí uma regra pétrea, um aforismo muito eficiente: na imprensa, substantivo abstrato no plural é mentira.

Se eu perdi a cabeça até agora, foi para dizer só isto: o seu artigo implica que a cara da zona sul é bonita (Lindbergh, o Sr.) e a da periferia é feia (Lula), e
Ipanema recebe a todas, mas só as de lá são bonitas. Isto pode até caber em uma letra do Menescal, mas eu esperava mais do Sr.

(Artigo original de Gabeira: http://www.gabeira.com.br/blog/blog.asp?id=1707 )

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

ACM 2006

A legenda da foto abaixo foi retirada da manifestação mais recente de Antonio Carlos Magalhães no Senado Federal.
A foto confere um efeito e tanto à declaração, tanto que sugiro que se transforme em outdoor da campanha do senador.
Istoé Gente, 26/08/2002
"Venha conversar comigo aqui sua puta"

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Finge que funciona

"Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
............................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.


Manuel Bandeira"


São Paulo, 20/01/2006,

"Finge que funciona... "

Em um stop staccato, estupefatos entreolham-se , estranham-se. Um estrago, um estigma . Esfigmanômetros fracassados esfriaram o ânimo e esfregaram a feroz fealdade às fuças freadas em afrita fruição...

"Finge que funciona..."

Doze por oito, esfigmanômetro é o nome técnico do aparelhinho de medir pressão.

Nenhum deles, nenhum funcionou com o antigo ministro da saúde porque eram novos.

Novinhos em folha, lacrados, e assim tão estranhos como a palavra esfigmanômetro.

"Finge que funciona... "

Aparelhinos de medir pressão, vários deles, todos novos, sem funcionar porque eram novos.

Mas como funcionaram bem, eram novos e falharam em produzir vasos pulsantes no prefeito.

Pulsação outra se apresentou, possivelmente acompahada pelo pulsar previsto se o aparelho se preenchesse por ar ao ser premido e se apertasse em torno do braço do prefeito. Não apenas do prefeito, mas de todos os presentes a pulsação se apoderou.

"Finge que funciona... doze por oito"

E o medidor de pressão funcionou.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

O Haiti é uma festa

...para alguém deve ser.

Blog do Josias de Souza, post de 16/01/2006, às 02h46

"O custo da missão Haiti
Levantamento feito pela Associação Contas Abertas a pedido do JB revela: a missão do Exército brasileiro no Haiti já custou ao erário R$ 266,8 milhões nos anos de 2004 e 2005. Não é pouca coisa. Bem ao contrário. A cifra é 5,8 vezes maior do que tudo o que o governo investiu em segurança pública no conflagrado Estado do Rio de Janeiro no mesmo período: R$ 46 milhões"

O post segue questionando a permanência do Brasil na missão da ONU no país. Fiz a seguitne pergunta no blog do jornalista, composta de três partes:

1 - Ele sugere que se diminua o orçamento do exército brasileiro para redirecionar recursos para a segurança pública?

2 - O post sugeriria, ainda, mais uma tentativa de ocupação militar dos morros cariocas? Isto foi tentado nos anos 90, depois de intenso clamor midiático, catalizado pela tentativa de seqüestro de Burle Marx. Neste episódio, a figura triste do paisagista abatido e atormentado apareceu no Jornal Nacional, pedindo pelo exértico. A experiência não sei se foi muito exitosa, pois não se repetiu em administrações locais e federais subseqüentes.

3 - A ONU cobre alguma parte dos custos envolvidos na missão brasileira no Haiti?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Arnaldo Jabor, que Deus lhe conceda seus desejos

...não.

Arnaldo Jabor, no Estadão desabafou, mas calculadamente, enciclopédica, dicionárica e efusiva verborragia, que terminava assim:

"que a peste negra vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos de 2006 vos exterminem para sempre!"

Mas que deveria terminar assim:


"Em nossas prisões já existem muitos outros corruptos desta extração. Se não os matarmos, cada um deles há de se tornar um assassino! Humanos é que jamais serão!"

"Não permitamos que corruptores infiéis continuem a assolar a terra, para o nosso sofrimento. Pois se o corrupto é morto, e isto evita que ele perpetre mais iniqüidades, sua morte será uma bênção"

As frases acima são atribuídas ao aiatolá Khomeini*.

O texto do cineasta é uma arma química, uma mistura que em sua defesa da política econômica que tenciona atacar chega a dar pena.

É uma intempestividade ensaiada e previsível de quem há pouco dizia que a tal a política real era feita no Brasil, com as mesmas gomalinas, brilhantinas, verminose e canastrice de hoje, mas milagrosamente boa, necessária, "pós-moderna".

Chequem o excerto abaixo, do mesmo Jabor, em forma de carta aberta ao então Presidente FHC (Folha de São Paulo 8/12/1998). A parte mais saborosa, o momento mágico de patética identificação com um o aclamado grande ideal político pseudoliberal dos anos 90, é a dos "sábios ingleses".

'Democracia é vivida no Brasil como "zona". Serve para condenar homens de bem sem provas e para inocentar ladrões com provas. Vosso ilustrado amor à democracia trai um disfarçado desejo de fracassar em nome dela, para um dia dizer, gloriosamente deprimido: "Tentei tudo dentro da democracia... Mas não deixaram!".

Vossa excelência já mostrou que a paciência é uma virtude revolucionária. Com todo o respeito, já sabemos que o saco de vossa excelência é de ouro e diamantes. Mas agora o senhor está sendo encurralado por seus próprios aliados, como um garoto de colégio que é "pele" da turma.

Só há uma saída: reagir.Reaja, presidente, não adianta sensatez apenas. Exemplo: no episódio das fitas e grampos, vossa excelência podia ter ido à TV denunciar o crime, não aceitar passivamente a demissão de alguns dos seus melhores quadros. Está na hora de perder a cabeça, presidente.

Seu mais hábil ato político foi o risco de, antes das eleições, declarar ao povo a seriedade da situação. O povo leu bem sua sinceridade. O analfabeto sabe ler.

O Congresso está exercitando os músculos no doce esporte de traí-lo. Se perderem o medo, o senhor está perdido. O senhor diz que vai punir os infiéis, cortando-lhes as "colheres de chá", os pequenos favores, o "pork barrel", como dizem os sábios ingleses.Mas eis o dilema: como construir outra base de apoio, negando o "porco" aos deputados e senadores? Não faça ameaças, cumpra-as primeiro.

Está chegando a hora do medo, presidente. Do Collor, eles tinham medo até de levar porrada. O Itamar nos ameaçava com sua ranhetice: "Se me provocarem, faço uma bobagem!...". Está na hora de o senhor provocar medo. Falando em termos sociológicos, um pouco mais de Hobbes e menos Locke.Depois da morte de Serjão, o ACM é seu único homem mau. O senhor conta muito com o ACM para defendê-lo, como o menino que depende do irmão mais velho nas brigas de rua.

Está na hora de partir para a porrada sozinho. Inclusive, porque um dia o ACM vai ter de largá-lo para cuidar de 2002. Seja menos pós-moderno. Seja mais modernista, mais visionário. Vossa excelência precisa de uma ideologia para poder viver.'

O texto de Jabor referenciado no começo do post está em:

http://www.ternuma.com.br/ajabor057.htm

* Ditador, antigo chefe religioso e de Estado do Irã, líder da chamada revolução islâmica no país, morto em 1989, e durante anos inimigo público número 1 dos EUA.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Desfeita e piparote I

Desfeita: uma piada muito comum sobre duas vaquinhas, acrescentada de mais uns verbetes reacionários chauvinistas neotenentistas:

SOCIALISMO: Você tem duas vacas, o governo toma uma e dá a outra para o seu vizinho.
COMUNISMO: Você tem duas vacas, o governo toma as duas e te dá um pouco de leite.
FASCISMO: Você tem duas vacas, o governo toma as duas e vende o leite para você.
NAZISMO: Você tem duas vacas, o governo toma as duas e te mata.ANARQUISMO: Você tem duas vacas, mata as duas e faz um belo churrasco
CAPITALISMO: Você tem duas vacas, vende uma, compra um touro e o governo toma os bezerros como imposto de renda na fonte.
LULLOCRACIA: Você tem duas vacas, o governo toma as duas, mata uma e joga o leite da outra fora.
PTCRACIA: Você tem duas vacas, vende as duas para o governo, muda para a cidade e consegue um emprego público.(...)
CHAVISMO: Você tem duas vacas e não entende por que elas não gostam de petróleo e canastrice.
CASTRISMO: Você tem duas vacas, uma morre afogada e a outra, no paredón.
DIRCEUZISMO: Você tem duas vacas, uma vai pro brejo e a outra fica mugindo "Eu repilo, eu repilo!".
STEDILECRACIA: Você não tem mas rouba vacas e bois premiados e os mata para fazer churrasco e mostrar quão primitivo é seu ódio ao capital (isso, além de fato verdadeiro, é constante, mas a imprensa omite. Já aconteceu até na Embrapa).

PIPAROTE:
REACIONARISMO TIPICO DE ASSINANTES DE VEJA QUE A USAM PARA OUTRA COISA QUE NAO PAPEL HIGIENICO DO PAPAGAIO: você tem duas vacas, uma é a avó do ***** ***inho, e outra a mãe do B*** ***ICa. Os bezerros passam a chamar a mãe de todo mundo de vaca, para demonstrar o seu ponto que todo mundo é igual ao seu gado. De repente, o avô do bezerro ****inho morre e o Bezerro ***Ica volta da Pensilvânia. O bezerro ***inho e seu amico ***Ica resolvem que são intelectuais radicais, embora católicos da Opus Deu, logo Adam Smith, outro radical incompreendido deveria entrar para o cânone do panteão da capelinha da Fazenda da Fazenda. Para isso, instauram um comitê revolucionário a cargo do porquinho snowball na Fazenda da Fazenda. Snowball é reverenciado como um gênio das finanças, pois a fazenda vive na mais absoluta bonança. Em sua sucessão, Snowball é alçado à condição de semideus, sendo escolhido um snowball-clone para salvar a possibilidade de um humano tornar-se o comandante supremo. Snowball 2 taca fogo nas plantações da fazenda, que entra em falência duas vezes. Boxer, o marido da egüinha pocotó morre de fome e então há um alerta. Snowball 3 não conseque ser o novo capataz, dizem que é porque era careca e mal-encarado. Novamente um humano é o administrador da fazenda. As vacas do seu curral urram de dor, por terem parido tamanhos cornos, pois os bezerrinhos agora estão defecando na porta da sede da fazenda e dizendo que foi o capataz que fez. Aliás, segundo eles, todo o estrume que já passou por aquela fazenda nem se compara com a b... fedida deste capataz escroto e maneta de uma figa. Estão gestando Snowball 4, mas ele insiste em não ser parido ou clonado. Uma hora destas vai... as vaquinhas ficam aliviadas, mas os bezerros choram suas mágoas e defecam continuamente... ah... essa bezerrada... sempre bezerrando, bezerrando, torcendo para que finalmente sejam liderados por um porco.